Seleção Brasileira celebra vaga na final olímpica
A nova façanha da Seleção Brasileira Feminina, que venceu a atual campeã mundial, a Espanha, por 4 a 2, num jogo em que foi superior o tempo todo, teve momentos de comemoração que se iniciaram ainda no gramado do estádio de Marselha na noite de terça-feira (5) e se estenderam até o hotel da delegação na cidade francesa. Os abraços e o choro pela classificação à final olímpica, após 16 anos, pontuaram a noite das jogadoras brasileiras.
Ainda no estádio, atletas e comissão técnica e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, fizeram no vestiário uma roda que simboliza a união da equipe para agradecimentos e a promessa de que o empenho será o mesmo na decisão de sábado (10) contra os Estados Unidos, em Paris. Em rápidas palavras, o técnico Arthur Elias enalteceu a aplicação da Seleção.
“O principal agora é o orgulho que a gente está sentindo, o orgulho de quem ama vocês e a certeza de que esse sentimento se estendeu para boa parte do país. Todo mundo que trabalhou tanto tempo no futebol feminino, tantas gerações. Poder dizer a eles que estamos voltando a ver o Brasil jogar como Brasil. Só tenho a agradecer pela nossa unidade, a confiança de cada uma de vocês, umas nas outras e no trabalho. Parabéns pela personalidade de como vocês se apresentaram para o pais, vocês são mulheres de verdade”, afirmou o treinador.
Antes de rezarem de mãos dadas o “Pai Nosso” e a “Ave Maria”, Antônia se projetou para deixar sua mensagem. Ela atuou na parte final do jogo contra a Espanha, na primeira fase, com uma fratura na perna esquerda, constatada por exame de imagem no dia seguinte.
“Quando aconteceu o que aconteceu, falaram que eu era louca, que eu era irresponsável. Quando voltei para o campo é porque eu confiava em cada uma de vocês e sabia o quanto aquilo era especial e que podíamos dar a volta por cima. Por vocês eu faria isso tudo de novo. E hoje só quero dizer: obrigada por me darem a medalha, eu sou medalhista olímpica. E vamos para a final com tudo”, disse Antônia, comovendo suas colegas.
Pouco depois, no ônibus que conduziu a equipe até o hotel, houve muita batucada para acompanhar o som de pagodes que tinham Yaya e Yasmim como intérpretes. Muitas jogadoras, no entanto, falavam ao celular com parentes e amigos, contando detalhes do jogo contra a Espanha, uma vitória heroica, tal qual a anterior, quando a Seleção eliminou a França com o placar de 1 a 0, em Nantes, pelas quartas de final dos Jogos de Paris.
Na chegada ao hotel, torcedores brasileiros as aguardavam, assim como familiares das jogadoras e policiais da guarda local. Foi a vez de uma pausa mais prolongada, já na madrugada de Marselha, para autógrafos e o registro de fotos.
Dentro do hotel, Marta, que não teve acesso às colegas no estádio, por causa de suspensão, recebia uma a uma com abraços e frases de incentivo. A rainha chegou a improvisar uma dancinha com Yaya e Rafaelle. “Vocês são demais. Vamos em busca desse ouro”, dizia Marta, incontida em seu sorriso.
Enquanto o jantar era servido no salão que virou refeitório da Seleção, já era possível ver o técnico Arthur Elias conversando com seus auxiliares sobre estratégias para a decisão do título, contra os EUA.