Pesquisadores do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (Cism) desenvolveram um método inovador para diferenciar biomarcadores neurobiológicos em crianças e adolescentes com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O estudo representa um avanço significativo na precisão da identificação das características associadas ao transtorno.
📍 O Cism é sediado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e financiado pela Fapesp.
Estudo e principais descobertas
O estudo analisou dados de 2.511 jovens, entre 6 e 14 anos, participantes da Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais, projeto vinculado ao Cism. Os resultados foram publicados no periódico científico European Child & Adolescent Psychiatry.
Os pesquisadores utilizaram um modelo baseado em riscos, refinando análises e aumentando a precisão na identificação de marcadores genéticos, volumetria cerebral e funções executivas associadas ao TDAH.
O método multivariado incorporou fatores clínicos e sociodemográficos, permitindo separar indivíduos sem o transtorno em grupos de alto e baixo risco. Essa abordagem revelou diferenças significativas em biomarcadores-chave, como escores poligênicos e volumes subcorticais.
🧠 Os escores poligênicos quantificam a predisposição genética de um indivíduo para determinada doença.
🧠 As estruturas subcorticais – como hipocampo, putâmen, núcleo caudado, amígdala e núcleo accumbens – podem apresentar diferentes tamanhos em indivíduos com TDAH.
Um método mais preciso
🔬 As análises tradicionais demonstravam uma sobreposição de mais de 90% entre os grupos analisados. Com o novo modelo, as áreas sem sobreposição praticamente dobraram, proporcionando maior precisão nos resultados.
📢 “A abordagem baseada em risco supera as limitações dos métodos tradicionais, que apenas classificam se uma pessoa tem ou não o transtorno. Esse novo modelo considera diferentes níveis e variações do TDAH”, explica Igor Duarte, autor principal da pesquisa e membro do Cism.
📢 “Nosso método tem potencial para ser aplicado a outros transtornos mentais, contribuindo para um diagnóstico mais preciso e um manejo clínico mais eficaz”, acrescenta o pesquisador.
Influência de fatores ambientais
Outro ponto destacado pelo estudo foi a ausência de diferenças neurobiológicas marcantes entre indivíduos de alto risco e aqueles já diagnosticados. Isso sugere que fatores ambientais e de resiliência também desempenham um papel crucial no desenvolvimento do TDAH.
A pesquisa reforça a importância do diagnóstico precoce e de abordagens personalizadas no tratamento do TDAH, contribuindo para um avanço significativo na neurociência e na saúde mental infantil e juvenil.