Derrotado no segundo turno das eleições presidenciais deste ano, o PT pode encontrar dificuldades para liderar a oposição ao governo de Jair Bolsonaro. O partido enfrenta resistência de outras siglas de esquerda que não ficaram satisfeitas com a postura adotada pela legenda durante todo o processo eleitoral. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na eleição ao Planalto, afirmou nesta semana que foi “miseravelmente traído” pelo ex-presidente Lula e seus “asseclas”. O ex-governador do Ceará disse que não declarou voto em Haddad porque não quer mais fazer campanha com o PT. Esse ressentimento foi parar na Câmara Deputados. O PDT, de Ciro, se aliou ao PSB e ao PCdoB, partido que fez campanha ao lado do PT, indicando a vice da chapa, a deputada estadual Manuela D’ávila (RS). Juntos, os três partidos pretendem formar um bloco parlamentar que poderia somar 69 deputados, fazendo frente aos 56 petistas eleitos para o próximo mandato. A articulação pode tirar do PT a liderança da oposição ao governo Bolsonaro. Líder do PCdoB na Câmara, o deputado federal Orlando Silva (SP), ressalta que o bloco não rejeita o apoio de outros partidos, mas que o grupo trabalhará em convergência, sem que uma sigla queira se sobrepor a outra. “Sem vetos a nenhum partido que queria fazer oposição ao governo de Jair Bolsonaro. Nós somos afirmativos, nós vamos priorizar o que nós unifica. E, hoje, o PSB, o PDT e o PCdoB, a partir dos seus líderes, encontram muitas convergências”. Além dos 56 deputados petistas, outros 10 congressistas do PSOL não se aliaram ao bloco. Orlando Silva, que é ex-ministro do Esporte de Lula e Dilma Rousseff, disse ainda que não existe uma briga contra o Partido dos Trabalhadores, mas, sim, uma luta contra a fragmentação da oposição. Reportagem, João Paulo Machado |