A última sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal antes do recesso judiciário mostrou, mais uma vez, que alguns ministros da Corte não têm o menor receio de tirar coelhos da cartola – principalmente, quando querem ver suas teses se sagrarem vencedoras.
Na sessão desta terça-feira (25), a Segunda Turma tinha em sua pauta dois pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa do ex-presidente Lula. O primeiro questionava a conduta do relator da Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Felix Fischer. O pedido foi derrotado por 4 votos a 1. Apenas Ricardo Lewandowski concordou com a tese da defesa.
No segundo julgamento, a pauta era o pedido de liberdade que levanta suspeitas sobre os atos do ex-juiz Sergio Moro no processo que condenou Lula no caso do apartamento tríplex. Esta reclamação, impetrada pela defesa do ex-presidente, começou a ser analisada pela Corte em dezembro de 2018.
Até então já eram conhecidos os posicionamentos dos ministros Luiz Edson Fachin e Cármen Lúcia, que votaram pela manutenção de Lula na cadeia. Na ocasião, Gilmar Mendes pediu vista do processo para que pudesse ter mais tempo para examinar o caso.
Nesta terça, na volta do julgamento, Gilmar seria o primeiro a votar sobre o mérito da questão, mas o ministro foi além. O magistrado – já conhecido por atitudes digamos peculiares – sugeriu que, em vez de terminar o julgamento já iniciado, a Turma votasse uma liminar para soltar o ex-presidente enquanto a análise do caso não fosse concluída. A manobra de Gilmar surpreendeu até quem conhece as atitudes heterodoxas do ministro.
Baseado em grampos ilegais, obtidos de forma ainda obscura, o magistrado da mais alta Corte do país entendeu que, sim, um condenado por três instâncias da Justiça deveria ser solto. Por sorte, 3 dos 5 ministros da Segunda Turma não interpretaram assim.
Lula segue preso. E o Brasil tenta com dificuldades se livrar da pecha de país da impunidade.
João Paulo Machado – Agência do Rádio
This post was last modified on 26 de junho de 2019