Munição usada em execução de delator do PCC é do mesmo lote de assalto em Botucatu
Uma análise feita pelo Instituto Sou da Paz, com base em laudos obtidos pelo g1 e a TV Globo, revelou que parte da munição usada para assassinar o delator do PCC, Vinícius Gritzbach, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), pertence ao mesmo lote utilizado no assalto a bancos ocorrido em 2020 em Botucatu, no interior de São Paulo.
O Sou da Paz é uma organização que atua nacionalmente na promoção da segurança pública e prevenção da violência, desenvolvendo pesquisas e propondo políticas de combate ao crime.
Munição era de lotes adquiridos pela PM de SP
De acordo com o instituto, os três lotes de balas de fuzil encontrados em ambas as ocorrências foram originalmente comprados pela Polícia Militar do Estado de São Paulo entre 2013 e 2018.
📌 As investigações indicam que essas munições foram desviadas, mas ainda não há informações exatas sobre como ocorreu o desvio — se foram vendidas, repassadas ou roubadas dos acervos policiais.
📢 “Vimos um forte envolvimento de policiais civis e militares da ativa em São Paulo no caso do Gritzbach, o que revela a presença da polícia junto ao crime organizado”, afirmou Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz.
📢 “A presença dessas munições indica outra forma de participação: não sabemos exatamente como ocorreu o desvio, mas fica claro que houve envolvimento também no fornecimento de armamento para o crime organizado.”
Defesa da marcação de munições
Carolina Ricardo destacou que o caso evidencia a necessidade de um sistema de marcação das munições vendidas, especialmente as destinadas às forças de segurança.
📢 “A marcação de munição é essencial porque facilita o rastreamento, ajuda as investigações e permite entender a origem das balas usadas em crimes.”
Resposta da Secretaria de Segurança Pública de SP
Em nota ao g1, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) declarou que as polícias mantêm normas rigorosas de controle e distribuição de munições. Segundo a pasta, qualquer suspeita de desvio é investigada e, se irregularidades forem comprovadas, as medidas disciplinares e judiciais são aplicadas.
Sobre o assalto em Botucatu, a SSP informou que a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) local prendeu e condenou mais de 20 criminosos, que usaram munições desviadas de diferentes instituições de segurança. No entanto, a secretaria não confirmou que as balas usadas no aeroporto de Guarulhos pertenciam ao mesmo lote.
O assalto em Botucatu
Na noite de 29 de julho de 2020, cerca de 40 criminosos fortemente armados atacaram pelo menos três agências bancárias no Centro de Botucatu.
💣 Explosões destruíram uma agência bancária e outras foram danificadas com dinamites não detonadas.
🔫 Houve confronto intenso entre os assaltantes e a polícia, que durou mais de três horas.
O caso segue sob investigação para esclarecer como as munições da PM chegaram ao crime organizado e se há envolvimento de agentes de segurança no esquema de desvios.