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Imprensa de Avaré faz reunião e publica carta de repúdio ao Prefeito de Avaré

Em uma iniciativa inédita, diversos órgãos de imprensa de Avaré e da região realizaram na tarde de segunda-feira (22) uma Live para discutir assuntos ligados à liberdade de imprensa. Na reunião os profissionais publicaram uma nota de repúdio contra o Prefeito de Avaré, Joselyr Benedito da Costa Silvestre (Jô Silvestre).

O encontro contou com a participação de Sérgio Redó, Presidente da API (Associação Paulista de Imprensa), foi mediada por José Antônio Gomes Inácio Junior e transmitida, ao vivo, pelas páginas no Facebook do Avaré Notícias, Rádio Avaré e Rádio Eduvale.

Além de Redó, discutiram os desafios da mídia Cláudio Salomão, Do Vale TV; Vagner Bertoli, Jovem Pan; Cida Koch, Jornal In Focco; Gabriel Guerra, Rádio Avaré e André Guazzelli, jornal A Bigorna. Os temas abordados foram: imprensa como controle das atividades sócio-políticas; as perseguições oficiais e não oficiais a jornalistas e veículos; e a relação da imprensa regional com os poderes constituídos.

No final da reunião foi lida uma Carta a Sociedade Avareense. No documento os jornalistas, radialistas e representantes da imprensa local repudiam a nota emitida por Jô Silvestre, no dia 17 de junho, com críticas à imprensa.

“Lamentavelmente, o Prefeito acusa sem citar nomes com a clara intenção de desmoralizar e caluniar os veículos de comunicação e colocar-se como ‘vítima’ deles, usando supostos ataques com cunho eleitoral, tendo em vista as eleições municipais”, diz a nota.

Os profissionais também relatam que foram bloqueados nos canais oficiais de informação e não são atendidos pela Secretaria da Comunicação, que sequer tem um representante no governo.
A carta divulgada logo repercutiu na Câmara de Vereadores, o vereador Flávio Zandoná parabenizou a união dos jornalistas contras os ataques do Executivo e criticou a administração municipal.

“Uma pessoa que dirige uma cidade de 100 mil habitantes não tem que ficar com ataques pela internet. Há muito tempo o prefeito se afastou da imprensa, não aparece e da exclusividade para alguns órgãos de imprensa”, discursou o parlamentar em sua palavre livre.

“Parabéns prefeito, você conseguiu unir a imprensa. Acredito que o tempo vai mostrar quem, verdadeiramente, faz as fake news” disse Toninho da Lorsa.

A carta será enviada para Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV), AESP (Associação das Emissoras de São Paulo), Câmara e Senado Federal, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Carta a Sociedade

Pela presente, nós, jornalistas, radialistas, apresentadores e representantes da imprensa local e regional, esclarecemos nossa postura diante dos recentes acontecimentos e repudiamos a nota emitida pelo Prefeito Jô Silvestre no dia 17 de junho na qual acusa profissionais da categoria de forma genérica e difamatória.

Na nota infeliz, o chefe do Executivo afirma que boa parte da imprensa é financiada por grupos políticos e que estariam espalhando fakes news envolvendo sua gestão. Ele argumenta que é de conhecimento “público que determinados ‘jornalistas’, nos últimos 2 mandatos, eram financiados direta e indiretamente pela Prefeitura com contratos de prestação de serviços e até mesmo divulgação de campanhas regulares, quase todas sem observar a necessidade de licitações específicas para publicidade, conforme exige a lei”.

Segundo Silvestre, mais de R$ 700.000,00 teriam sido gastos com publicidade e isso “explicaria” o “comportamento totalmente diferente do que apresentam desde o inicio de (sua) gestão”.
Lamentavelmente, o Prefeito acusa sem citar nomes com a clara intenção de desmoralizar e caluniar os veículos de comunicação e colocar-se como ‘vítima’ deles, usando supostos ataques como cunho eleitoral, tendo em vista as eleições municipais.

O prefeito mente quando diz que em sua gestão “os canais oficiais de informação foram aperfeiçoados” e que a Secretaria Municipal da Comunicação está sempre a disposição para colaborar com os profissionais. Profissionais da imprensa são bloqueados em páginas públicas do governo, não são atendidos pela pasta respectiva (que inclusive nem tem secretário) e desde o início da gestão, tem sido ameaçados de processos por publicarem denúncias, as quais não são respondidas pelo Executivo – mesmo que todos veículos procurem e cedam espaço para sua versão dos fatos. Mas ao contrário do que o Prefeito quer propagar, ele nunca desde o início de seu mandato deu uma coletiva sequer; apenas entrevistas em veículos que não abordam denúncias e nas quais seu discurso predomina sem questionamentos.

É um insulto aos princípios jornalísticos, a ‘apropriação’ que o Prefeito faz da ética para acusar profissionais classificando-os como mercantilistas da notícia. Essa prática intimidatória todos jornalistas que subscrevem esse documento já conhecem e não aceitam.

Claramente ele quer jogar a população contra a imprensa, colocando-se como vítima, mas não revela que todos os releases e notas enviadas pela Secom são divulgadas e que nenhum secretário tem autorização para dar entrevista.
Em relação as explicações sobre gastos, licitações, pinturas de postes, ele como agente público não faz mais do que sua obrigação – o que não seria necessário fazê-lo por rede social, caso atendesse a imprensa (como ele alega) e caso o Portal da Transparência realmente fosse mais transparente em seus registros. Não há absolutamente nenhum motivo para o Prefeito alegar que a imprensa quer induzir “a população a pensar que há irregularidades”.

Não subestimamos os leitores. Fazemos jornalismo por ideologia e pela verdade. Jornalismo é informação. Não é julgamento ou opinião. Fica a cargo dos(as) leitores(as) as conclusões.

Mas se realmente não houvesse denúncias e tudo fosse realmente transparente, como o governo alega, todos nós já estaríamos condenados por má fé e injúria. A acusação de envolvimento com fake news é grave e ele terá que provar, já que é isso que temos combatido mais que nunca.

Sem liberdade não há imprensa e é por ela que lutamos dia a dia, com ética, dignidade, profissionalismo, honrando nossos princípios pois são eles que norteiam o digno ofício da Imprensa.

This post was last modified on 23 de junho de 2020

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