Cesurada por Bolsonaro, obra de pintora avareense volta ao Palácio do Planalto
A obra “Orixás” da pintora avareense Djanira da Motta e Silva vai voltar ao Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília-DF, após ser censurada pela administração do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O anúncio foi feito pela primeira-dama do Brasil, Janja afirmou durante a posse da nova Ministra da Cultura, Margareth Menezes, que a exposição “Brasil Futuro: As Formas da Democracia” marca a volta da pintura para um dos locais mais nobres da palácio sede do Governo Federal.
Em 2019, por decisão de Bolsonaro, a obra clássica da avareense foi retirada do local. O ato gerou críticas, considerado como um ataque às religiões negras, racismo e intolerância religiosa.
Djanira é considerada uma das mais importantes pintoras brasileiras, nasceu em Avaré no dia 20 de junho de 1914 e faleceu no Rio de Janeiro em 31 de maio de 1979. A artista foi a primeira artista latino-americana representada com obras no Museu do Vaticano, para quem ofereceu a tela “Santana de Pé”.
Além da obra no Palácio do Planalto, Djanira tem o quadro “Festa do Divino em Parati” no acervo do Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado de São Paulo.
HISTÓRIA
Neta de professores de origem austríaca, Djanira nasceu numa bela morada que existia na Rua Piauí, perto da Escola Matilde Vieira. Em 1916, partiu com os pais para a divisa do Paraná com Santa Catarina. Voltou de lá, em 1928, trazida pela avó materna.
Depois de curar-se de tuberculose, Djanira fixou-se no Rio aos 25 anos e no morro de Santa Teresa aprendeu noções de arte com o romeno Emeric Marcier. Autodidata, sua arte evoluiu quando passou a pintar cenas dos costumes, paisagens e festas populares. Esteve por dois anos nos Estados Unidos e, ao voltar ao Brasil em 1946, percorreu o país pesquisando temas nacionais para suas pinturas.
Visitava Avaré com frequência, onde morava sua tia Helda Job Porto. Esteve na terra natal pela última vez em 1976, quando a Prefeitura já havia dado seu nome a uma travessa no Bairro Santana.
MEMORIAL
O Memorial Djanira é um dos equipamentos da cultura de Avaré. Aberto em abril de 2008, o local guarda peças e utensílios do ateliê da célebre pintora, além de documentos pessoais, roupas, livros e instrumentos musicais.
No espaço é mantida uma mostra permanente de algumas obras da pintora, como desenhos, óleos, serigrafias e xilogravuras.